Escravidão – Volume II, publicado em 2021 por Laurentino Gomes, dá continuidade à investigação sobre a escravidão no Brasil, desta vez cobrindo o século XIX, um período crucial para a abolição da escravidão. Enquanto o primeiro volume abordava as origens do tráfico negreiro e o desenvolvimento do sistema escravista, este segundo volume foca nos movimentos abolicionistas, nas pressões externas para o fim da escravidão e na lenta e conturbada transição para o trabalho livre.
O livro mostra como, mesmo com a crescente condenação internacional ao tráfico de escravizados, o Brasil resistiu à mudança por décadas. O tráfico transatlântico foi oficialmente proibido em 1850, mas a escravidão continuou sendo a base da economia até 1888, quando a Lei Áurea foi finalmente assinada. No entanto, a abolição não foi acompanhada de medidas para integrar os libertos à sociedade, deixando milhões de pessoas sem terras, educação ou direitos básicos.
Gomes também destaca o papel do Império do Brasil e da elite agrária na manutenção do sistema, assim como a resistência ativa da população negra, por meio de fugas, quilombos, greves e revoltas. Além disso, a obra explora como a escravidão moldou a estrutura política e econômica do Brasil, criando desigualdades que persistem até hoje.
Mais do que um relato sobre a abolição, Escravidão – Volume II nos faz refletir sobre como o racismo e a exclusão social são legados diretos desse período histórico.
Título em Português: Escravidã II
Autor: Laurentino Gomes
Ano de Publicação: 2021
Gênero Literário: História do Brasil
Páginas: 512 páginas
Editora: Globo Livros (português)
Princesa Isabel
Assinou a Lei Áurea, mas enfrentou forte resistência da elite agrária.
José do Patrocínio
Um dos principais líderes do movimento abolicionista no Brasil.
Luís Gama
Ex-escravizado que se tornou advogado e libertou centenas de pessoas por meio da justiça.
Joaquim Nabuco
Político e intelectual abolicionista que denunciou as consequências sociais da escravidão.
D. Pedro II
Imperador que tentou adiar a abolição para evitar conflitos com os proprietários de escravizados.
Laurentino Gomes mantém sua escrita fluida e acessível, combinando pesquisa acadêmica rigorosa com uma narrativa envolvente. O autor intercala análises históricas com relatos pessoais, documentos e cartas da época, tornando a leitura rica e dinâmica.
O século XIX foi marcado por intensas transformações, e a escravidão se tornou um dos temas mais debatidos na política e na sociedade brasileira. Enquanto países como Inglaterra e Estados Unidos já caminhavam para o fim da servidão, o Brasil continuava dependente do trabalho escravizado, mesmo sob forte pressão internacional.
A abolição, quando finalmente aconteceu em 1888, não foi acompanhada de políticas de reparação ou inclusão. Os libertos foram deixados à própria sorte, sem acesso a terras, educação ou empregos dignos, perpetuando a marginalização da população negra.
Além disso, o livro mostra como a elite brasileira se aproveitou da transição para fortalecer o poder econômico e político, garantindo que a estrutura social permanecesse desigual.
Ler Escravidão – Volume II foi uma experiência reveladora e, ao mesmo tempo, angustiante. O que mais me impactou foi perceber o quanto a elite brasileira resistiu ao fim da escravidão e como o Estado criou estratégias para adiar ao máximo a abolição, sempre protegendo os interesses dos grandes proprietários de terras.
Outro ponto marcante foi a narrativa sobre os próprios abolicionistas. A história da abolição é geralmente contada como uma conquista da Princesa Isabel, mas o livro mostra que a luta foi conduzida principalmente pela população negra, que resistiu de diversas formas, desde revoltas até ações jurídicas lideradas por figuras como Luís Gama.
Além disso, fiquei impressionado com a forma como a abolição foi feita sem planejamento algum para integrar os ex-escravizados à sociedade. Eles foram libertos, mas sem terras, sem direitos e sem oportunidades reais de progresso, o que contribuiu para a desigualdade racial que perdura até hoje.
Recomendo Escravidão – Volume II para quem deseja entender não apenas o fim da escravidão, mas também como a transição para a República consolidou um modelo de exclusão que ainda afeta milhões de brasileiros.
Se você gostou de Escravidão – Volume II, pode se interessar por:
1.Escravidão – Volume III, de Laurentino Gomes
Conclusão da trilogia, abordando o século XX e os impactos da escravidão no Brasil contemporâneo.
2.Um Defeito de Cor, Ana Maria Gonçalves
Romance histórico que dá voz à perspectiva dos escravizados, mostrando o impacto da escravidão sob uma ótica mais pessoal e dramática.
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