1889, publicado em 2013 por Laurentino Gomes, encerra a trilogia iniciada com 1808 e 1822, abordando a Proclamação da República e os eventos que transformaram o Brasil de uma monarquia para um regime republicano. O livro desconstrói a visão simplista da proclamação como um movimento popular e democrático, revelando que, na realidade, foi um golpe militar articulado por elites insatisfeitas com a monarquia.
O autor narra os momentos decisivos de 15 de novembro de 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca liderou um levante contra o imperador Dom Pedro II, que, surpreso, aceitou pacificamente a deposição e partiu para o exílio. No entanto, a transição não foi tão simples: o novo regime enfrentou resistência, crises econômicas e disputas internas entre militares e políticos civis.
A obra explora as contradições da República nascente, mostrando como as mesmas estruturas elitistas do período imperial foram mantidas. O povo, que pouco participou do movimento, permaneceu marginalizado. A abolição da escravidão, ocorrida um ano antes, havia deixado milhões de libertos sem direitos básicos, e a República não trouxe grandes mudanças para a população pobre.
Mais do que um relato sobre a queda do Império, 1889 explica por que o Brasil se tornou uma República instável e marcada por golpes, crises e autoritarismo ao longo do século XX.
Título em Português: 1889
Autor: Laurentino Gomes
Ano de Publicação: 2013
Gênero Literário: História do Brasil
Páginas: 416 páginas
Editora: Globo Livros (português)
Dom Pedro II
Imperador culto e respeitado internacionalmente, mas que perdeu apoio da elite brasileira.
Princesa Isabel
Assinou a Lei Áurea, mas não conseguiu consolidar uma base de apoio para a monarquia.
Marechal Deodoro da Fonseca
Militar hesitante que liderou o golpe republicano, tornando-se o primeiro presidente do Brasil.
Benjamin Constant
Um dos principais ideólogos da República e defensor do positivismo militar.
Floriano Peixoto
Vice-presidente que assumiu o poder após Deodoro, governando com autoritarismo.
Laurentino Gomes mantém sua linguagem acessível e envolvente, combinando pesquisa rigorosa com uma narrativa fluida. O autor intercala análises históricas com relatos de época, documentos e curiosidades, tornando o livro informativo e prazeroso de ler.
A Proclamação da República ocorreu em um momento de grande instabilidade no Brasil. A monarquia já não atendia aos interesses da elite agrária, que se sentia ameaçada pelas mudanças sociais, como a abolição da escravidão. O Exército, influenciado pelo positivismo, via na República um caminho para modernizar o país.
No entanto, a República não representou uma verdadeira democratização do poder. Os primeiros anos foram marcados por golpes, censura e repressão, consolidando um modelo político excludente que se manteria por décadas.
O livro também destaca como a nova República negligenciou os ex-escravizados, não garantindo direitos básicos nem políticas de inclusão. Essa falta de planejamento teve impactos que se refletem na sociedade brasileira até hoje.
Ler 1889 me fez repensar a imagem da Proclamação da República como um grande avanço democrático. O que mais me surpreendeu foi descobrir que Dom Pedro II ainda era popular entre o povo, mas perdeu apoio das elites, que viam a monarquia como um obstáculo para seus interesses econômicos e políticos.
Outro ponto interessante foi perceber como a República começou de forma instável. Deodoro assumiu o poder sem uma constituição definida, enfrentou crises constantes e renunciou pouco tempo depois. Seu sucessor, Floriano Peixoto, governou com mão de ferro, estabelecendo um padrão de autoritarismo que se repetiria ao longo da história brasileira.
Além disso, o livro reforça como a abolição da escravidão foi feita sem planejamento para integrar os libertos na sociedade. A República, que poderia ter sido uma oportunidade para reverter essa situação, apenas perpetuou a exclusão social.
Recomendo 1889 para quem quer entender melhor por que a política brasileira se desenvolveu da maneira que conhecemos hoje. A obra mostra como o Brasil passou de uma monarquia para uma República sem uma verdadeira mudança na estrutura de poder.
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1.O Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto
Romance que critica o nacionalismo ingênuo e as desilusões com a República recém-instaurada.
2.Escravidão, de Laurentino Gomes
Série de livros que analisa a escravidão no Brasil e seus impactos duradouros na sociedade.
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