1822, publicado em 2010 por Laurentino Gomes, é a continuação de 1808 e aborda os acontecimentos que levaram à independência do Brasil e os desafios enfrentados para consolidá-la. Diferente da narrativa heroica comumente associada ao Grito do Ipiranga, o autor apresenta um retrato mais realista e complexo da separação entre Brasil e Portugal, mostrando que o processo foi marcado por disputas políticas, traições e interesses econômicos.
O livro descreve como Dom Pedro I, filho de Dom João VI, assumiu o protagonismo da independência, mas enfrentou forte oposição dentro e fora do Brasil. O cenário era instável: províncias ameaçavam se fragmentar, tropas portuguesas resistiam à separação e a elite agrária só aceitou apoiar a independência quando garantiu que seus privilégios, incluindo a escravidão, seriam mantidos.
Laurentino Gomes também explora a influência estrangeira no processo. A Inglaterra, potência global da época, teve um papel fundamental ao mediar conflitos e garantir que o novo país permanecesse economicamente dependente. Além disso, o autor mostra como a independência foi um movimento que beneficiou principalmente a aristocracia, enquanto o povo permaneceu marginalizado.
Mais do que apenas narrar os eventos de 1822, o livro nos ajuda a entender por que o Brasil se tornou uma monarquia independente e não uma república, como ocorreu com outras ex-colônias na América.
Título em Português: 1822
Autor: Laurentino Gomes
Ano de Publicação: 2010
Gênero Literário: História do Brasil
Páginas: 386 páginas
Editora: Globo Livros (português)
Dom Pedro I
Príncipe regente e futuro imperador do Brasil, teve papel central na independência, mas governou com autoritarismo.
José Bonifácio de Andrada e Silva
Intelectual e político fundamental para organizar o novo governo e manter o país unido.
Leopoldina de Habsburgo
Esposa de Dom Pedro I, teve um papel diplomático e estratégico essencial nos bastidores da independência.
Maria Quitéria
Mulher que se disfarçou de homem para lutar na guerra da independência na Bahia.
João VI
Rei de Portugal, deixou o Brasil em 1821, mas ainda tentou influenciar os rumos da independência.
Laurentino Gomes mantém o estilo envolvente e acessível de 1808, mesclando narrativa histórica com anedotas curiosas. A escrita dinâmica permite que até leitores sem conhecimento prévio sobre o tema consigam compreender os eventos. O autor também faz uso de documentos históricos, cartas e relatos de época para enriquecer a narrativa.
A independência do Brasil ocorreu em um momento de grande instabilidade na América Latina. Enquanto países vizinhos enfrentavam longas guerras contra a Espanha, o Brasil conseguiu sua separação de Portugal com relativamente pouca resistência.
No entanto, isso não significa que o processo foi pacífico. Houve batalhas violentas, especialmente no Nordeste e na Bahia, onde tropas portuguesas resistiram até 1823. Além disso, o novo país enfrentou dificuldades financeiras e dependia de empréstimos da Inglaterra para se manter.
A continuidade da escravidão foi um dos pontos mais problemáticos da independência. Apesar do discurso de liberdade e progresso, o Brasil permaneceu como uma economia baseada no trabalho escravizado, o que manteve desigualdades profundas.
Ler 1822 me fez perceber o quanto a independência do Brasil foi um processo menos heroico e mais pragmático do que se aprende na escola. O Grito do Ipiranga, por exemplo, foi um evento mais simbólico do que decisivo – a independência foi consolidada por meio de negociações, conflitos armados e interesses de grupos poderosos.
O que mais me chamou atenção foi a importância de figuras pouco mencionadas, como Leopoldina e José Bonifácio. Enquanto Dom Pedro I recebia os holofotes, eles eram os verdadeiros arquitetos da separação, garantindo apoio militar e político para que o Brasil não se fragmentasse.
Outro ponto interessante foi perceber como o país nasceu dependente economicamente da Inglaterra. Para que Portugal reconhecesse a independência, o Brasil teve que pagar uma enorme indenização, o que nos deixou presos a empréstimos britânicos por anos.
Recomendo 1822 para quem deseja uma visão mais ampla e menos romantizada da independência do Brasil. O livro nos ajuda a entender que a formação do país foi repleta de compromissos e contradições que ainda refletem na política e na economia atuais.
Se você gostou de 1822, pode se interessar por:
Continuação de 1822, explora a Proclamação da República e os desafios do Brasil após a monarquia.
2.O Trato dos Viventes, de Luiz Felipe de Alencastro
Livro que discute a economia escravocrata e como ela influenciou a independência e o futuro do Brasil.
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