Nós, publicado em 1924 pelo escritor russo Ievguêni Zamiátin, é um dos primeiros romances distópicos da literatura moderna e uma influência direta para obras como 1984, de George Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. O livro se passa em uma sociedade futurista altamente regimentada, onde o Estado controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, conhecidos apenas por números.
O protagonista, D-503, é um engenheiro responsável pela construção da nave Integral, que tem como missão levar a ideologia do Estado Único para outros planetas. Ele vive uma existência aparentemente tranquila, seguindo as regras rígidas impostas pelo governo, até que conhece I-330, uma mulher misteriosa e rebelde que desafia o sistema e o faz questionar tudo o que sempre acreditou.
A sociedade retratada em Nós é regida pela lógica absoluta e pela eliminação da individualidade. O Estado monitora os cidadãos constantemente, e a felicidade é determinada por uma matemática exata, onde não há espaço para emoções descontroladas ou livre-arbítrio. No entanto, ao se apaixonar por I-330, D-503 experimenta sentimentos caóticos e se vê dividido entre a obediência e a tentação da liberdade.
A obra é uma crítica feroz ao totalitarismo, à obsessão pela ordem absoluta e à supressão da individualidade em nome do bem coletivo. Com uma narrativa fragmentada e reflexiva, Nós antecipa muitos dos dilemas enfrentados no século XX e continua sendo assustadoramente relevante nos dias de hoje.
Título em Português: Nós
Autor: Ievguêni Zamiátin
Ano de Publicação: 1924
Gênero Literário: Ficção Científica Distópica
Páginas: 344 páginas
Editora: Aleph (português)
D-503
O protagonista, um engenheiro leal ao Estado Único que passa por uma transformação ao entrar em contato com ideias revolucionárias.
I-330
Mulher sedutora e enigmática que lidera um movimento clandestino contra o Estado.
O Benfeitor
O líder supremo do Estado Único, que governa com uma lógica fria e implacável.
R-13
Poeta oficial do regime e amigo de D-503, que representa o conflito entre criatividade e controle estatal.
O-90
Parceira designada de D-503, que se conforma às regras do sistema, mas também sofre as consequências da falta de liberdade.
A escrita de Zamiátin é fragmentada e poética, refletindo o estado psicológico perturbado do protagonista. O romance é narrado em forma de diário, e a linguagem frequentemente se torna caótica e filosófica à medida que D-503 começa a duvidar de suas convicções. Esse estilo inovador contribui para a sensação de alienação e opressão que permeia toda a história.
Escrito nos primeiros anos da União Soviética, Nós é uma crítica visionária ao totalitarismo e à ideologia que coloca o coletivo acima da individualidade. O livro foi banido na Rússia até 1988, pois seu retrato de um Estado onipotente era uma ameaça direta ao regime comunista.
Além do comunismo, a obra também pode ser lida como uma advertência sobre qualquer sistema que busca eliminar o livre-arbítrio em nome da eficiência e da ordem, antecipando o debate sobre vigilância em massa e controle governamental.
Ler Nós foi como viajar para um futuro que, infelizmente, não parece tão distante. O que mais me impactou foi a forma como a sociedade do livro vê a liberdade como uma doença, algo a ser erradicado para garantir a harmonia do coletivo. A maneira como os cidadãos aceitam sua vigilância constante, sem questionar, é assustadoramente familiar em um mundo onde a privacidade se torna cada vez mais rara.
A jornada de D-503 é angustiante. No início, ele é um homem totalmente conformado com o sistema, mas à medida que seus sentimentos se tornam mais intensos, ele começa a desmoronar. Seu conflito interno entre a lógica e a emoção é o coração da narrativa, e a maneira como Zamiátin explora a psicologia da obediência é brilhante.
O romance me fez pensar sobre como a sociedade moderna, com seu desejo de controle e previsibilidade, pode se tornar uma versão mais sutil da distopia de Nós. Cada vez mais, aceitamos perder liberdades em troca de segurança, e a história de D-503 nos lembra do preço que pagamos por isso.
Recomendo Nós para todos que gostaram de 1984 e Admirável Mundo Novo – esta é a obra que deu origem ao gênero distópico moderno e que ainda ecoa poderosamente no mundo atual.
Se você gostou de Nós, pode se interessar por:
Inspirado diretamente em Nós, Orwell expande a ideia de um Estado totalitário e suas técnicas de controle psicológico.
2.Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
Enquanto Nós e 1984 focam no controle pelo medo, Huxley explora um futuro onde as pessoas são controladas pelo prazer e pela alienação.
Um romance que, assim como Nós, explora a impotência do indivíduo diante de um sistema burocrático e inescapável.
Adaptação Audiovisual:
We (2021) – Filme russo baseado no livro, trazendo uma versão visualmente impactante da distopia de Zamiátin.
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