O livro Início e Fim, traz a história do Eterno Marido, publicado em 1869, sendo um dos romances menos extensos, porém mais psicológicos de Fiódor Dostoiévski. A trama gira em torno da complexa relação entre dois homens ligados pelo passado: Velchanínov, um homem cínico e decadente, e Pávlovitch Trussótski, um marido traído e submisso, que se reaparece na vida do primeiro com intenções ambíguas.
Velchanínov, um ex-donjuán agora solitário e adoentado, descobre que Trussótski, marido da mulher com quem ele teve um caso anos atrás, voltou para sua vida após a morte da esposa. A relação entre os dois é carregada de tensão psicológica, misturando ressentimento, culpa, ironia e uma estranha dependência emocional. Trussótski oscila entre submissão e desejo de vingança, enquanto Velchanínov tenta entender os motivos por trás da reaproximação.
O livro é uma intensa exploração da psique humana, especialmente no que diz respeito a temas como o ciúme, o papel do marido traído e a culpa que assombra tanto o traidor quanto a vítima. A narrativa conduz o leitor por um jogo de manipulações psicológicas, onde as fronteiras entre poder e humilhação, amor e ódio, se tornam cada vez mais tênues.
Mais do que um simples drama sobre traição, O Eterno Marido é um estudo sobre as dinâmicas humanas e como o passado nunca deixa de nos assombrar. Com uma escrita afiada e diálogos intensos, Dostoiévski cria um romance curto, mas repleto de profundidade psicológica.
Título em Português: O Eterno Marido
Autor: Fiódor Dostoiévski
Ano de Publicação: 1869
Gênero Literário: Romance Psicológico
Páginas: 216 páginas
Editora: 34 (português)
A obra se concentra essencialmente em dois protagonistas e algumas figuras secundárias:
Velchanínov
Um homem de meia-idade, cínico e desgastado pela vida, que já viveu momentos de glória e sedução, mas agora se encontra doente e decadente.
Pávlovitch Trussótski
O "eterno marido", um homem aparentemente fraco e submisso, mas que guarda ressentimentos profundos e intenções ambíguas.
Liza
A filha ilegítima de Velchanínov e da falecida esposa de Trussótski, que se torna um elo inesperado entre os dois homens.
O estilo de Dostoiévski em O Eterno Marido mantém sua característica análise psicológica detalhada, mas de forma mais concisa e direta do que em seus romances mais longos. A narrativa é conduzida por diálogos intensos, cheios de ironia e tensão latente, e o tom oscila entre o trágico e o cômico, criando uma atmosfera inquietante.
Escrito durante o exílio do autor na Sibéria, o romance reflete as preocupações de Dostoiévski com as relações humanas e a complexidade da moralidade. A figura do "marido traído" era um tema comum na literatura russa da época, mas Dostoiévski o trata de maneira inovadora, evitando o clichê da simples vingança e explorando a psique dos personagens de forma mais profunda.
Além disso, a obra se passa na Rússia do século XIX, período marcado por mudanças sociais e pelo declínio da aristocracia, o que se reflete na degradação do protagonista Velchanínov e na sua relação com Trussótski.
Ler O Eterno Marido foi uma experiência desconcertante e fascinante. Desde o início, senti uma tensão constante entre os dois protagonistas, uma relação que oscilava entre hostilidade e dependência mútua. O que mais me impressionou foi a forma como Dostoiévski desmonta a ideia do "marido traído" como uma simples vítima. Trussótski é um personagem ambíguo, que provoca tanto compaixão quanto inquietação, enquanto Velchanínov, apesar de ser o "vencedor" no passado, agora está decadente e vulnerável.
O jogo psicológico entre os dois me fez refletir sobre como o passado pode nos assombrar e sobre o papel da culpa nas relações humanas. O livro não oferece respostas fáceis, mas coloca o leitor em um dilema moral, onde nenhum dos personagens pode ser definido como totalmente certo ou errado.
Outro ponto que me surpreendeu foi a forma como Dostoiévski usa o humor de maneira sutil, mas eficaz. Algumas cenas, especialmente os diálogos entre Velchanínov e Trussótski, são marcadas por um humor sombrio que torna a leitura ainda mais envolvente.
Recomendo O Eterno Marido para quem busca uma obra mais curta, mas ainda assim carregada da intensidade e da profundidade psicológica que fazem de Dostoiévski um dos maiores escritores de todos os tempos.
Se você gostou de O Eterno Marido, pode se interessar por:
1.O Jogador, de Fiódor Dostoiévski
Um romance igualmente curto e intenso, que explora a obsessão pelo jogo e as complexidades das relações humanas.
2.O Duplo, de Fiódor Dostoiévski
Outra obra psicológica que aborda o tema do duplo e da identidade, com uma atmosfera de paranoia e delírio.
3.Os Demônios, de Fiódor Dostoiévski
Um romance mais longo e politicamente carregado, que investiga a influência de ideias revolucionárias na Rússia do século XIX.
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